segunda-feira, junho 22, 2009

A cozer o sapo

Tenho de concordar mt com este texto..

16.6.09
a cozer o sapo
...e é deixá-los construir gaiolas individuais e bem arcaicas para nos enfiarem a todos. Fazer variar o espaço nela existente, de acordo com o nível de subserviência sem questões. Estás confortável? Não deixar fugir o rebanho, nem para longe de si, nem para longe dos outros.
Uniformizar-nos. Sossegar os mais assustados. Acalmar a reverência e suster o ímpeto da jovialidade. Proteger os opressores de si mesmo. É caminhar para um leito sabendo que um dia iremos necessitar de um despertador para nos acordar, e lentamente recordar que devemos voar para sul em determinadas alturas da vida.
Uma fina rede feita de uma rede de regras, num enredo que já não questionamos e parece não findar, parece aliás, ostentar uma incrível capacidade de mutação em pequenas doses, contínua, como que a cozer o sapo no borbulhar do dia-a-dia.
(...)
Não evito a gargalhada (quase triste), ao ver pregar pia e cegamente os mais diversos complexos processos dos humanos, o anuir em concordância com certas lealdades que acabam por nos mastigar e cuspir directamente na face.
Por vezes, morder a mão que nos alimenta requer coragem, e nada tem que ver com ingratidão, é apenas um pedestal de princípios, de coerências, do qual a ausência ou queda destes também nos pode deixar morrer à fome. É óbvio, não haver certezas, mas não querer aprender com a história e o mundo à nossa volta, é simplesmente uma pura manifestação de estupidez. É negar a propriedade esférica dos nossos olhos, que nos permitem olhar em redor, mesmo enquanto nos deslocamos num determinado sentido.
Que se ilibe a sociedade enquanto molde deformador. Nós somos o que somos, um produto de nós mesmos, uma soma das nossas decisões e dos nossos valores. Sim, porque ninguém escolhe para nós o que queremos ver seduzir-nos. Uma panóplia de solidariedades levianas que vamos criando e ajustando ao tamanho dos nossos dias, até disso somos responsáveis, até nisto estamos, a ser, simples e plenamente nós próprios.
(...)
O que observas no horizonte não é uma linha, nem uma barreira. É um objectivo. Não é desenhado para se alcançar, existe apenas para nos lembrar de que o importante é procurar.

Texto por: K

Publicado em: www.umalvoapetecivel.blogspot.com

Sem comentários: